
Existem muitas mulheres que carregam uma dor imensa por sentirem, de algum modo, a sua fertilidade comprometida.
A própria sociedade arranja forma de colocar estas mulheres e casais em caixinhas e rotulá-los de férteis, inférteis ou subférteis.
Hoje quero partilhar contigo um outro olhar sobre a fertilidade e sobre o que é "Ser fértil".
As definições dizem-nos que fertilidade é, simplesmente, a capacidade de gerar ou de produzir algo.
Contudo, quando olhamos para uma mulher e falamos em fertilidade, automaticamente, pensamos em gerar vida, em ter filhos e em procriar.
Estes pensamentos e preconceitos poderão ser, em parte, fruto do papel desvirtuado que foi sendo atribuído à mulher, ao longo dos anos, e que era circunscrito apenas à casa, à família, a ter e a cuidar dos filhos.
Durante muitos, muitos anos, à mulher não foram vistas, nem reconhecidas, quaisquer outras competências para além destas.
Quando, por alguma eventualidade, uma mulher não era capaz de cumprir com a única função que lhe era aceite socialmente, era maltratada, enxovalhada e tida como inútil, incapaz, sem valor, infértil!
Já aos homens, eram reconhecidas muitas mais competências, capacidades e virtudes para além da sua fertilidade.
Numa época, onde a ciência não estava tão avançada como hoje, seria no mínimo estranho, um homem, a quem eram reconhecidas tantas virtudes, não ser capaz de cumprir com a capacidade básica da reprodução.
Se estiveres atenta, ainda hoje, podes ver estas crenças cunhadas na nossa sociedade das mais variadas formas!
Elas estão lá, escondidas nas sombras de comportamentos corriqueiros do dia a dia, aos quais fomos ensinadas a aceitar sem contestar e de preferência com um sorriso nos lábios, dando a ideia da menina bonita, bem-comportada e capaz de ser domada por um homem a quem a sua bravura, força e robustez não pode ser posta em causa, muito menos, pela atitude de uma mulher.
A capacidade de ter filhos, que hoje sabemos ser da responsabilidade tanto do homem, como da mulher, foi, durante muitos anos, tida única e exclusivamente como capacidade, dever e obrigação da mulher.
Este olhar hierarquizado sobre o papel social da mulher, foi passando de geração em geração, e criou crenças e preconceitos que, ainda hoje, têm raízes profundas em nós, na sociedade em que vivemos, na forma como nos imaginamos e como nos idealizam enquanto mulheres.
Apesar do caminho ser longo, hoje vivemos outros tempos e sabemos que as mulheres têm capacidades, poderes e talentos incríveis, assim como os homens.
Possuem uma criatividade maravilhosa e invejável, que lhes permite criar e desenvolver coisas fabulosas e que as apaixonam.
Basta olhares à tua volta para veres coisas incríveis criadas por mulheres inspiradoras.
E é esta capacidade, que todas temos, que faz de ti e de todas nós, as mulheres férteis que somos.
Reduzir a mulher ao papel de ser mãe em termos biológicos é muito castrador, uma vez que ser fértil é muito mais que conceber ou gerar vida.
- Se crias coisas;
- Se desenvolves projetos;
- Se tens algo que te apaixona;
- Se escreves;
- Se te reinventas;
- Se arranjas caminhos e alternativas;
- Se dás vida a alguma coisa;
- Se cuidas;
- Se ajudas os outros;
- Se fazes voluntariado;
- Se defendes uma causa;
- Se és feliz;
- Se vives a vida.
TU ÉS, SEM DÚVIDA, UMA MULHER FÉRTIL.
Honra todas as mulheres que lutaram para que hoje possamos estar onde estamos e não diminuas, nem deixes que diminuam a tua fertilidade apenas à capacidade ou à vontade de conceber.
Ver a fertilidade comprometida é tornares-te ária pela vida, pelas coisas que te apaixonam e por todos os teus sonhos que estão para além da maternidade.
É apagares o teu brilho em prol de um caminho, que embora seja importante para ti, por si só não te define, nem define a mulher incrível que és.
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